Conheça a nova diretoria da Janainas
- Time Janainas

- 11 de set.
- 5 min de leitura
Talita Lincoln segue na gestão, agora ao lado de Valquiria Ferreira e Julia Lima
por Adriana Meyge
A Janainas e.V., associação dedicada a criar espaços de troca, acolhimento e desenvolvimento para mulheres* imigrantes em Berlim, celebra a renovação da sua diretoria para o próximo triênio.

Temos a alegria de anunciar a chegada de Julia Lima e Valquiria Ferreira à diretoria, fortalecendo ainda mais nossa missão.
A cofundadora da organização, Talita Lincoln, permanece no cargo, somando sua trajetória ao entusiasmo das novas integrantes. Educadora atuante em Berlim, “quase psicóloga” de formação no Brasil, mulher queer e imigrante, Talita acredita na força da comunidade para transformar desafios em potência e criar caminhos mais justos, sensíveis e prósperos para todes.
Julia é pesquisadora, escritora, educadora formada em Letras pela USP e mestranda na Universidade Livre de Berlim, onde se dedica aos estudos queer, de gênero e migração. Facilita o nosso Sprachcafé, que reúne mulheres para praticar alemão em um ambiente acolhedor.
Valquiria, mais conhecida como Val, é “pernambucana da gema que ama gente”, mãe da Elis e secretária executiva de formação pela UFPE. Na Janainas, já atuou como voluntária e assistente de projeto.
A nova diretoria vai trabalhar num primeiro momento pelo fortalecimento da comunidade Janainas e sua sustentabilidade. Entre os desafios estão o financiamento de projetos, a burocracia que envolve o trabalho de uma Verein e a distribuição equilibrada do trabalho voluntário. Ao mesmo tempo, elas mantêm o olhar em mudanças estruturais que desejam contribuir para a sociedade.
Em suas próprias palavras, as diretoras compartilham seus caminhos e visões para as Janainas:
Minha história com a Janainas
TL: Minha história com a Janainas começa em 2018, quando participei do piquenique de lançamento ainda como coletivo, vendendo os sanduíches e comidas que eu preparava no meu início de vida na Alemanha. Nesse encontro emocionante fui convidada a entrar para o coletivo e, junto com outras mulheres*, participei da fundação da ONG em 2019. Escrevemos o estatuto e demos forma ao que a Janainas é hoje.
Desde então, estive presente como voluntária, oferecendo workshops, palestras e contribuindo nos caminhos e metodologias. Em 2022, passei a integrar também a diretoria, com muito orgulho dessa trajetória coletiva.
JL: Fui apresentada para o Janas, que na época estava em formação, no verão de 2019 pela Talita (Lincoln). A identificação com os valores e objetivos foi tão imediata, que passei a frequentar todos os eventos que podia. Esse encontro foi muito especial para mim e aconteceu em uma época em que, mesmo sem perceber, estava precisando de acolhimento e rede de apoio — que encontrei e continuo encontrando aqui. Em 2021 me tornei voluntária, colaborando, principalmente, com a escrita de textos.
Em 2023, fui convidada por Evelyne (Leandro, co-fundadora) a idealizar e coordenar projetos voltados para o desenvolvimento linguístico e, desde então, organizo o Sprachcafé Frauen im Gespräch, pensado como um lugar seguro para prática do idioma alemão entre mulheres* brasileiras. Em junho de 2025, fui eleita como membra da diretoria, cargo que assumo com muita alegria e cheia de ideias para continuar somando com nossa missão.
VF: Essa história tão bonita começou em 2020, quando eu me ofereci para trabalhar como voluntária do projeto Apoio Social junto com a Te (Teresa Bueno). Tinha a responsabilidade de registrar os atendimentos, o que me abriu o olhar para a realidade da migração. Conheci muitas histórias fortes e intensas que me enriqueceram como pessoa. Pouco tempo depois fui convidada para trabalhar em uma outra instituição, mas nunca deixei de ser uma voluntária Janainas e participava sempre que possível das atividades.
Num belo sábado, Eveline me convidou para ser assistente do Projeto FiM-Frauenpower in Mitte. Aceitei na hora sem saber exatamente o que era o trabalho nem detalhes sobre remuneração, eu só consegui dizer ‘sim’. Foi uma experiência transformadora, que durou mais de dois anos e me fez acreditar em mim para encarrar um novo desafio. Hoje não faço mais parte do Janas como funcionária, mas como voluntária, porque continuo acreditando no poder transformador da união de mulheres* apoiando outras mulheres* através de laços de muito afeto e acolhimento. Esse é o caminho.
O que trago para a Janainas
TL: Trago para a Janainas a minha vivência enquanto Janaina desde o começo — aprendendo a me ver no espelho das outras mulheres*, a reconhecer e fortalecer minhas próprias potências. Essa experiência me tornou uma mulher mais confiante e segura do meu espaço.
Além disso, trago minha trajetória como educadora, imigrante e mulher queer em Berlim, bem como meu olhar da psicologia, que me ajuda a mediar conflitos e criar ambientes de escuta e cuidado. Tudo isso se soma à minha prática dentro da Janainas, sempre com a intenção de fortalecer a comunidade.
JL: Acredito ser dona de uma escuta ativa e empática e ter talento para encontrar soluções mesmo para os problemas mais difíceis, características que me possibilitam trabalhar de forma colaborativa, criativa e organizada. Além disso, minha atuação como pesquisadora me permite navegar por conceitos, ideias e dados acadêmicos/científicos (sempre a partir de um olhar crítico, interseccional e decolonial!) e trazê-los para compor o tecido dos saberes e das metodologias que nos guiam.
VF: Depois da minha experiência como voluntária e funcionária, acredito que posso contribuir ajudando de forma geral nos diferentes segmentos em que a Janainas atua. As minhas vivências, que para mim foram tão enriquecedoras, aliadas às minhas colegas de gestão com a força máxima que são as mulheres* da nossa rede, podem ajudar na construção de novas oportunidades para a ONG.
Sonhos para o futuro
TL: Desde o início, sonhamos que a Janainas pudesse se transformar em um instituto de educação, com espaços como uma “Kita Janainas” ou um centro comunitário capaz de apoiar de forma integral as mulheres* brasileiras e suas famílias em Berlim. Esse sonho continua firme, porque acreditamos que a Janainas é a nossa forma de criar alternativas ao patriarcado e construir modos de existir mais sensíveis, prósperos e justos para todes. É um sonho alto, mas acho que é bom sonhar assim também!
JL: Eu sonho grande: com o fim do patriarcado, do capitalismo e dessas estruturas profundamente racistas, binárias e coloniais que nos rodeiam. E vejo na comunidade Janainas, com suas colaboradoras, voluntárias e participantes, um potencial enorme para contribuir com essa luta. Nosso trabalho nos próximos anos gira em torno de maneiras de organizar nossos desejos (e nossa raiva!), multiplicar nossos recursos e disseminar conhecimento, para que todas as mulheres* tenham acesso a ferramentas que nos possibilitam viver uma vida mais livre, próspera e feliz.
VF: Que nós tenhamos uma sede, que todos os projetos — que são tão importantes na vida de muitas mulheres* — sejam financiados e, assim, continuar fazendo a diferença na vida de tanta gente.
Desafios e caminhos
TL: Entre os maiores desafios estão a burocracia, a busca por financiamentos e o equilíbrio entre o trabalho voluntário e o cuidado com quem o realiza. Queremos fortalecer a Janainas sem explorar o tempo ou a energia das pessoas que constroem esse espaço. Nossa prioridade é reestruturar a “casa”, garantindo que possamos seguir apoiando a comunidade com responsabilidade, autocuidado e equilíbrio. Assim, o cuidado que defendemos também se torna prática dentro da própria ONG.
JL: Acredito que o atravessamento dos desafios que enfrentamos enquanto mulheres* imigrantes só é possível a partir do coletivo. Uma das prioridades dessa nova constelação da diretoria é promover cada vez mais encontros, trocas, reflexões e espaços seguros de escuta, acolhimento e desenvolvimento, sempre de maneira estruturada, responsável e amorosa.
VF: Hoje eu acredito que a recolocação profissional ainda é um grande desafio na vida das mulheres* imigrantes na Alemanha. Habilitar-se para trabalhar numa nova língua, seja ela qual for, sempre será desafiador, mas o convite Janainas sempre será ajudar no encontro de caminhos de formação, de autovalorização da bagagem profissional e no mergulho interno do autoconhecimento fortalecendo, assim, a autoconfiança das mulheres*.



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