Primaverando, devagarinho
Comecei o Ano-Novo com uma certa nostalgia, e seis semanas depois da virada do ano Berlim já está primaverando. O clima se ameniza, já tem brotinho nas árvores e nos parques, de vez em quando até céu menos cinza!
Mas a nostalgia... ela vem e vai, bem rasteira. Nostalgias são difíceis de relacionar com o tempo presente: tudo parece um outro tempo, um caminho de outras primaveras...
Eu sabia que minha vida se fundava em Berlim, mesmo que a contragosto de início, e talvez seja assim para muitas de nós. E então talvez fosse o caso dessa nostalgia estar me chamando para um papo, falando comigo sobre um de seus companheiros, que vem no pacote, mas bem escondidinho: o medo do que ainda está por vir, o sentir medo ao caminhar um novo mundo.
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Sem ainda ter um chão estável para pisar aqui na cidade, entrei nos redemoinhos das memórias de um tempo que foi lindo de certo, mas já acabou. E percebi que ainda tenho medo do novo ciclo de Berlim, das barreiras, da língua, de muita coisa que ainda nem entendi.
E mesmo assim, nesse hábito diário de remoer nostalgias, pensando que o céu de lá é sempre mais azul e que lá sempre faz mais Sol, eu deixo de cuidar da minha primavera aqui. Na nostalgia, o tempo passa, vira vento e vai embora.
E por imaginar que essa sensação de vida entre-mundos, memória, nostalgia e medo seja compartilhada por muitas de nós, mesmo que em diferentes momentos dos nossos ciclos, decidi escrever sobre esse quarteto no nosso primeiro encontro do ano: nem só amarelo é o caminho, tem linha torta e curva complicada, também. E está tudo bem, mana.
Semana passada numa caminhadinha de manhã eu tirei essa foto do broto e da gotinha. Eu vi nesse abraço o comecinho da Primavera, com orvalho, nesse encontro mais bonito que o vento da minha nostalgia.
Lembrei ali de uma cantiga que eu ouvi nessa outra vida que eu vivi, nesse lugar que sempre tem "o céu mais azul", e que vai mais ou menos assim:
"ó, minha deusa, no dia de hoje,
tire a tristeza do meu coração.
lave-o com o seu orvalho, ó minha deusa
com o seu orvalho lave o meu coração".
E digo agora: tudo bem nostalgia. Pode vir, passear, e então ir-se embora. Tem hora que esse viver "entre mundos" pega a gente mesmo. Ainda bem que tem a beleza dos dias e o vento do presente pra trazer o coração lavado de volta, mesmo que às vezes tudo pareça meio fora de lugar.
E começando o nosso ano no sapatinho, primaverando devagarinho, a nossa primeira Newsletter de 2024 traz dois grandes começos da Janainas e.V. para esse primeiro semestre:
o ciclo de mentoria em autogestão pessoal com Danielle Bhering, e o Afelia Grupo de Estudos da Nati e da Marcela em parceria com a Janas, integrando a oferta de cooperação "As Quartas são Nossas!" entre o OPZ e a Janainas!
Com muito carinho,
Nati, da Janainas
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