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MQC Especial com Amara Moira e Júlia da Silva Moreira: entre línguas, linguagem e mundos possíveis

por Natalia Fornari

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Amara e Júlia, ali no clássico círculo Janas, entre línguas e linguagem: é assim que abro este texto, pensando na enorme alegria que foi receber as duas escritoras na casa das Janainas, em Berlim, no domingo (12), das 16h às 19h, para falar de seus livros, suas histórias e da vida. Uma edição especial do Mulheres que Contam (MQC), repleta de gente querida, amantes da literatura, amigas e aliades da comunidade LGBTQIA+, que coloriram nossa sede e encheram o espaço de conversa, afeto e curiosidade.


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Com E se eu fosse Puta e Neca (Amara) e Acho que Vamos Todas para o Céu (Júlia), passeamos por histórias, desejos, motivações e uma língua viva. O Bajubá ou Pajubá (linguagem inventada e reinventada pelas travestis brasileiras) apareceu ali como símbolo da força da palavra e da fabulação.

Amara nos presenteou lendo trechos e recitando poesia em Bajubá, enquanto Júlia nos trouxe Luana, personagem central de seu livro, levando-nos de um Carnaval até o espelho, delicadamente dedilhando as fronteiras entre memória, desejo e existir.

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Júlia mora conosco aqui na Alemanha; Amara veio do Brasil. E falar sobre línguas e linguagem, nesses encontros, sempre se torna aquele tema que nos aproxima, que amplia o sentir e o pensar. Durante a conversa, era inevitável pensar em perguntas que atravessam a escrita delas (e as nossas também): quais as possibilidades da língua, essa que se cria e se esquiva, que se transforma no tempo? Como uma história ganha corpo, se materializa e ressoa entre passado, presente e futuro?


Estar com ambas neste domingo foi um privilégio imenso: abrimos um espaço de bifurcação da memória e de feitura de mundos, uma encruzilhada de tempos e possibilidades. Falamos de literatura e política, de tradução cultural e da força das narrativas que escapam dos roteiros prontos - essas que reclamam espaço num presente que se reinventa, desafiando o patriarcado e apontando para outras formas de viver.



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Nos destaques do encontro, ficou o eco da comunidade perguntando, vibrando e reagindo a cada leitura: Amara encantando ao recitar Alice em Bajubá, Júlia nos levando pela sua Luana, entre o Carnaval e o espelho; filmes, referências, trocas e risadas pautaram o tempo - pouco, mas intenso - antes de as distâncias entre continentes nos separarem novamente.


Foi uma alegria imensa partilhar esse espaço e ver nossa sede repleta de histórias, linguagens e bonitezas. Com corações cheios de gratidão, deixamos aqui nosso muito obrigada, queridas Amara Moira e  Júlia da Silva Moreira, por este MQC que nos acendeu novas luminárias para pensar e sentir o mundo.



MQC Spezialkoordination: Adriana Santos und Talita Lincoln

📸 Fotos: Lívia Rangel

 
 
 

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